Você já ouviu falar do Decreto nº 4.187, de 08 de abril de 2002, editado para regulamentar os artigos
6º e 7º, da Medida Provisória nº 2.225-45, de 4 de setembro de 2001,
que dispõem sobre o impedimento de autoridades exercerem atividades ou
prestarem serviços após a exoneração do cargo que ocupavam e sobre a
remuneração compensatória a elas devida pela União? Não? Pois fique
sabendo que ele dá aos
ex-ministros de Estado o direito de receber a remuneração equivalente ao
período de impedimento, que é de quatro meses, contados da exoneração.
Ele
é genérico e não faz distinção, no caso específico dos ministros de
Estado, entre os dispensados porque seu concurso não mais interessa ao
governo federal e os "convidados a sair" em razão da prática de algum
"mal feito" (expressão criada pelo Planalto para mascarar atos de
corrupção). Logo, honestos e corruptos têm o mesmo direito à remuneração
do chamado período de "quarentena", mais
ou menos o que acontece com o magistrado aposentado compulsoriamente em
razão do descumprimento dos deveres inerentes à judicatura. A única
diferença é que a grana da "quarentena" tem prazo fixo, quatro meses, e a
que resulta da aposentadoria compulsória cai na conta bancária do juiz
infrator até a sua morte.
Mas o pior de tudo no caso Palocci,
é que a mesma Comissão de Ética Pública da Presidência da República,
que o puniu com duas censuras, uma em novembro de 2011, por que ele
alugou um apartamento registrado em nome de uma empresa controlada por
um laranja, e outra em maio deste ano, pela prestação de consultorias
entre 2006 e 2010, agora dê parecer favorável ao pedido feito por ele
para receber a verba do chamado período de "quarentena". Em outras
palavras, depois de sair pela porta dos fundos do ministério que
ocupava, o cara ainda vai embolsar nada menos que R$ 107 mil, valor
equivalente a quatro meses de salário de um ministro, fixado atualmente
em R$ 26,7 mil mensais. E dinheiro do contribuinte. É imoral? Sim! Mas é
legal!
Enquanto
isso e apesar da crise que reduziu o crescimento econômico e impede,
por exemplo, que o salário mínimo nacional alcance um valor condizente
com as necessidades do cidadão trabalhador, o Brasil elegerá em outubro
próximo 5.070 vereadores a mais que no pleito de 2008. Ao todo, serão
eleitos 56.818 vereadores, quase 10% a mais do que os 51.748 de quatro
anos atrás. Os dados são da Confederação Nacional dos Municípios - CNM,
que está assustada com o aumento de despesas. Há cerca de um mês, quando
a CNM divulgou seu levantamento anterior, já haviam 3.672 novas
cadeiras nas câmaras municipais, o que significa que em apenas 30 dias
foram contabilizadas mais 1.398 cadeiras.
No
Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, as cidades que mais aumentaram o
número de vereadores (de 12 para 21) foram Nova Friburgo e Teresópolis,
justamente as mais afetadas pelas chuvas de 2011 e onde ainda existem
comunidades abandonadas à própria sorte pelo Poder Público. Isso também é
imoral, mas feito dentro da legalidade, a mesma legalidade que agora
premia o trapalhão Antonio Palocci. De Gaulle tinha ou não tinha razão?
Fonte: http://apatotadopitaco.blogspot.com.br
Sobre o Autor:
Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral. |
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