Nos últimos tempos, a sociedade brasileira vem sendo vítima sistemática
da prática da corrupção, que é o ato ou efeito de subornar uma ou mais
pessoas em proveito próprio ou alheio. Em outras palavras, significa
pagar com determinada soma de dinheiro uma pessoa ou grupo de pessoas
para realizar algo ilícito, proibido pela lei, pela moral e a boa ética,
de modo a beneficiar uma pessoa, um grupo de pessoas, uma empresa, um
partido político ou um governo.
Normalmente, o dinheiro que move a corrupção é dinheiro público, isto é,
pertencente a todos os cidadãos de uma Nação. Mas pode também ser
dinheiro originário do crime organizado e até mesmo de particulares, com
a finalidade de obter benefício indevido. Por isso, a prática da
corrupção é uma ação criminosa cujos efeitos destroem a sociedade nos
âmbitos moral e econômico. No que tange à moral, degenera os costumes.
Já no plano econômico, por envolver principalmente o dinheiro público,
causa enorme prejuízo ao país e, sobretudo, aos cidadãos. O estoque do
dinheiro público é formado pelo recolhimento dos impostos pagos pelos
contribuintes. Os impostos estão embutidos em todos os produtos e
serviços comprados pelos consumidores. A expectativa é que esse enorme
volume de recursos públicos retorne aos cidadãos na forma de serviços,
como saúde, educação, segurança, transporte e obras de infraestrutura,
como estradas, esgoto tratado, água potável, enfim, tudo aquilo que o
Estado tem a obrigação de oferecer à sociedade. Nessas rápidas palavras,
dá para se ter uma ideia de como a prática da corrupção é prejudicial a
todos os cidadãos pelo evidente desvio criminoso daqueles recursos que
deveriam ser aplicados em benefício de toda a sociedade. No aspecto
político, isto é, no âmbito do poder do Estado, a corrupção é utilizada,
por exemplo, para obter maioria na Câmara e no Senado, no sentido de
votar leis do interesse de apenas meia dúzia de pessoas ou até mesmo
corromper a própria Justiça. Outro aspecto nefasto da corrupção é aquele
que mascara a verdade política e permite que determinados partidos
políticos consigam permanecer anos a fio no poder justamente porque
corrompem os eleitores com a compra de votos, seja com dinheiro vivo ou
com produtos e serviços estatais, cuja concessão pelo Estado é uma
obrigação e não um favor. Enfim, poderíamos elencar aqui inúmeros
exemplos de como a corrupção, muitas vezes rotulada penas de
roubalheira, tem efeitos danosos para os cidadãos. Esse Movimento Contra
a Corrupção, que agora ganha a praça pública e começa a mobilizar as
pessoas, tem a finalidade de quebrar essa incrível apatia social. Calar
ante esse turbilhão de iniquidades decorrentes da corrupção é conceder
licença para a ação dos ladrões do dinheiro público. O exercício da
cidadania inclui o dever da indignação quando o bem comum é pisoteado
pela ação ladravaz e escandalosa dos corruptos. Nenhuma nação do
planeta se fez grande, forte, rica, próspera e solidária sem a ativa
participação política de seus cidadãos. Seja no apoio às causas nobres,
seja na repulsa imediata a todos os atos infames, sórdidos e mentirosos
levados a efeito pelo egoísmo de poucos em detrimento da maioria.
Indignar-se ante a prática da corrupção não é apenas um direito, mas uma
obrigação de todos os homens e mulheres que desejam viver com
dignidade, que prezam os valores éticos e morais sob o império da lei e
da ordem. Indignar-se ante a mistificação da verdade e o roubo do
dinheiro público decorrente da prática da corrupção é um direito e um
dever de cada um de nós. Só assim poderemos mudar o Brasil para melhor.
Mas mudar de verdade. E isso requer participação. E participar não é
apenas dizer "sim". Há momentos em que precisamos ter a histórica
coragem de dizer "não", de ter opinião muito clara sobre o que queremos e
desejamos, ou seja, temos o dever e o direito de nos indignar quando
for preciso. E esta é a hora de dizermos não à corrupção!
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